A SEMANA SANTA

Eis que o Noivo está chegando no meio da noite, e abençoado é o servo que Ele achará desperto e observando, indigno é o outro que Ele achará sendo preguiçoso. Portanto, cuidado, ó alma minha, não seja dominado pelo sono, para que não seja entregue à morte e seja excluído do Reino. Mas chegue aos seus sentidos e grite em voz alta: Santo, Santo, Santo és Tu, nosso Deus…” (Grande Tropário, de Segunda a Quarta-feira Santa)

O leitmotiv dos três primeiros dias desta Santa e Grande Semana é vigilância. Ou seja, somos chamados a ser como as cinco “virgens prudentes”, estando preparados para encontrar o Noivo quando Ele chegar “no meio da noite”, que simboliza nossa transição/passagem ou nossa “Pascha”, depois de adormecermos pela última vez nesta vida.

Note que na Parábola das Dez Virgens (Mateus 25,1-13), “todas” adormeceram quando o Noivo se atrasou. Portanto, o significado do hino citado acima não é que nunca devemos dormir, mas que não devemos ficar “adormecidos” ou mortos para a(s) obra(s) que o Noivo nos deu, que são as nossas vocações. Embora tenhamos diferentes vocações, compostas por diversas responsabilidades, como cristãos compartilhamos a vocação de manter nossa “candeia” acesa, com azeite suficiente para mantê-la queimando, não importando o que estejamos fazendo e se estamos fisicamente dormindo ou acordados. A “candeia/lâmpada” significa nossa perspectiva sobre as coisas, nosso “olho” ou a maneira como vemos as coisas (como em “A lâmpada do corpo são os olhos…” — Mateus 6,22). E o “azeite” significa a graça do Espírito Santo, que derrama abundantemente Suas energias em nós, quando estamos abertos e despertos para Ele.

Portanto, ao nos aproximarmos dos últimos dias antes da Páscoa, somos levados a entender que a Páscoa de Cristo é a “nossa” Páscoa. Mais precisamente, Cristo é nossa Pascha ou Páscoa, como diz São Paulo: “Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1ª Coríntios 5,7). Em comunhão com Ele, e ao seguí-l’O nesta semana em Sua via crucis, morte, sepultamento e ressurreição, somos iluminados sobre nossa própria cruz, morte, sepultamento e ressurreição. Não é fácil, para muitos de nós, permitir que Deus ilumine nossa perspectiva sobre a morte. A realidade da morte entre nós, quer estejamos cada vez mais conscientes de nossa própria mortalidade, quer tenhamos sido devastados pela morte de entes queridos, é algo difícil de processar por conta própria. Somente Deus pode nos ajudar com isso. Seu Filho, que vence a morte pela morte, pela graça de Seu Espírito, pode nos ajudar com isso. Mas celebramos a Pascha todos os anos (e todos os domingos, de uma forma “menor”), porque é um processo contínuo, esse esclarecimento de nossa perspectiva sobre a morte. Ao seguir-Te em Tua Via esta semana, Senhor, ajuda-nos e salva-nos, e ilumina-nos com a Tua graça.

Versão brasileira: João Antunes

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