PACIFICADORES NA PRÁTICA E NÃO APENAS NA TEORIA

Felizes os pacificadores (εἰρηνοποιοί, literalmente “criadores de paz”), porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5,9)

Não confundamos falar sobre paz com “fazer” ou “criar” paz. Essa última exige empenho, ação, e não apenas palavras. Quando vemos o atual governo dos EUA afirmar repetidamente que está buscando a paz na Ucrânia, enquanto a Rússia aumentou em 50% seus ataques com drones contra civis ucranianos desde 20 de janeiro, matando também muitas crianças nos últimos dias, sem nenhuma condenação por parte do presidente dos EUA, que, por outro lado, culpou repetidamente a vítima, chamando o presidente Zelensky de ditador, “ingrato”, etc.; reteve a ajuda à Ucrânia, o que custou muitas vidas ucranianas, e que, mais recentemente, impôs uma tarifa sobre os produtos ucranianos, mas não impôs nenhuma sobre a Rússia — não confundamos isso com pacificação. Não confundamos com pacificação o fato de permitir um agressor criminoso e tentar forçar sua vítima a capitular. Isso não faz de você um pacificador. Isso faz de você um cúmplice do agressor.

Deter os criminosos e levá-los à justiça cria paz para as pessoas ameaçadas por eles; não ajudando os criminosos a conseguir o que querem, para que possam continuar a colocar em risco o resto de nós. E sim, usamos a força para deter os criminosos. É por isso que precisamos de uma força policial. É por isso que São Paulo diz que o bom governante “para alguma coisa traz a espada” (Romanos 13,4). É por isso que precisávamos de força militar para deter Hitler (embora não a tenhamos empregado a tempo), e ela é necessária hoje para deter Putin. Essa é uma verdade desagradável, mas não significa fazer guerra. Significa pacificação, diante de um agressor que pretende continuar com as atrocidades de guerra enquanto digito este texto, sem mostrar sinais de que pretende parar.

A Bíblia adverte quatro vezes (em um total de quatro passagens) sobre as pessoas que dizem “‘Paz! Paz!’ Mas não há paz”. Aqui está a citação completa dessa passagem em Jeremias 6,14: “Tratam com negligência as feridas do meu povo, exclamando: ‘Paz! Paz!’ Mas não há paz”. Acho que estamos fazendo exatamente isso neste momento com a Ucrânia: estamos tratando a ferida do povo ucraniano com negligência, enquanto falamos palavras sobre paz. Deus, perdoa-nos. E ajuda-nos a realmente ajudar a Ucrânia, para que possamos ser chamados de pacificadores e sermos abençoados, em vez de amaldiçoados, como cúmplices de criminosos.

Versão brasileira: João Antunes

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