“Quando as palavras perdem o seu significado, as pessoas perdem a sua liberdade.” (Autor desconhecido, mas atribuído a Confúcio)
“O que devemos fazer?” é uma pergunta que muitos de nós temos feito ao acompanhar as notícias muitas vezes inquietantes, que se resumem principalmente às palavras que saem de uma boca específica. Essas palavras costumam ser perturbadoras ou totalmente chocantes, mas frequentemente acabam não significando nada ou o oposto de seu significado habitual. Por exemplo, o “Dia da Libertação” significou a escalada de uma guerra comercial com os aliados mais próximos dos EUA (refiro-me aos aliados mais próximos tradicionais e não à Rússia, só para esclarecer). Além disso, as “conversações de paz” e um “cessar-fogo” negociados com a Rússia e a Ucrânia significaram um aumento drástico dos ataques russos contra civis e infraestrutura vital de energia na Ucrânia. E ainda há a questão de rotular imigrantes inocentes nos EUA como “inimigos estrangeiros” e deportá-los, para países onde suas vidas correm perigo, sem o devido processo legal.
O que devemos fazer quando as palavras são mal aplicadas, abusadas e parecem perder seu significado? Por um lado, entendo o ponto de vista daqueles que estão dizendo: “Não se preocupe com o que ele diz, apenas preste atenção no que ele faz”. Mas sou recordada de que, como cristã, não posso aceitar como normal a deturpação das palavras, não apenas porque é indecoroso para mim ser enganada. Aceitar isso seria prejudicial para minha fé e me levaria ao cinismo, digamos, o cinismo do “realismo ofensivo” (algo com que muitos cristãos parecem estar de acordo atualmente, seguindo as noções equivocadas de Mearsheimer). “No princípio existia o Verbo”, é o que acreditamos, “e o Verbo era” — nem mais nem menos — “Deus”. E nosso Senhor nos promete: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar” (Mateus 24,35).
Portanto, neste momento de turbulência, quando o mundo está focado nas palavras perturbadoras ou sem sentido (ou pior) de líderes mundiais que têm uma relação questionável com a verdade, é vital para nossa sanidade trabalhar em nossa fé, é o que estou refletindo comigo mesma nestes dias; nossa fé n’Aquele cujas palavras nunca passarão. Não é hora de cair no desânimo, no medo, na complacência ou no cinismo. É um momento para o tipo de choque de realidade que nosso Deus verdadeiro e Sua Palavra eterna nos oferecem cotidianamente, em comunhão com Ele. N’Ele, sabemos o que é bom e o que é mau, o que é verdadeiro e o que é falso. E quando não temos certeza, somos chamados a nos esforçar para discernir, com fé. Não com medo. Não podemos ser livres se estivermos vivendo com medo. E a fé é o antídoto para o medo. É por isso que, quando as pessoas perguntaram a Nosso Senhor Jesus Cristo o que deveriam fazer (como muitos de nós perguntamos hoje), Ele lhes disse para “trabalhar” em sua fé: “Disseram-lhe, então: ‘Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?’ Jesus respondeu-lhes: ‘A obra de Deus é esta: crer naquele que Ele enviou’” (João 6,28s). Senhor, ajuda-nos a ficar perto de Ti e da Tua palavra, para que ela continue sendo a nossa normalidade, enquanto o anormal parece estar reinando. E livra-nos, Seu povo que ama a liberdade, do mal.
Versão brasileira: João Antunes
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