SER-VOS-Á DADO

Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado (καὶ δοθήσεται ὑμῖν); procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!” (Lucas 11,9-13)

O início dessa leitura do Evangelho pode ser enganoso em português, pois diz: “Pedi e ser-vos-á dado… batei e abrir-se-vos-á”. Podemos pensar que, seja o que for que estejamos pedindo, nos será dado ou aberto. Mas não há nada explícito no original grego, e precisamos analisar o contexto completo do que o Senhor está falando aqui para entender a promessa que Ele nos está fazendo. É a promessa contínua do Espírito Santo, dada à Igreja que ora insistentemente. Sua presença em nossa vida, por meio de Suas energias divinas chamadas “graça”, muda tudo; nossa perspectiva, nosso foco, nossa capacidade de realizar qualquer vocação que nos seja dada. É o que devemos desejar, pedir, buscar e bater, quando entendemos o que é bom para nós.

A passagem citada acima faz parte da longa resposta de Nosso Senhor ao pedido de um discípulo, feito no início do 11º Capítulo de Lucas: “Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos”. O final da resposta de Nosso Senhor, com a promessa de que o Espírito Santo nos será dado se pedirmos insistentemente, mostra-nos o que, ou Quem, é necessário para orar de verdade. Podemos (e devemos) pedir, bater e buscar, mas a porta para a oração e para a mudança que ela traz para nossa vida, para nossa perspectiva e atitude em relação a tudo, é aberta pela graça do Espírito Santo. E ela se abre, quando continuamos a orar, insistentemente, um pouco a cada dia. Fomos nós que a fechamos em primeiro lugar, por desconfiarmos de Deus e confiarmos mais em nossos próprios caprichos, juntamente com as vozes em nossa própria cabeça, e os medos resultantes disso.

Fomos criados livres, portanto, podemos escolher livremente eliminar de nossas vidas e decisões a graça do Espírito Santo, Que não Se impõe a nós. Portanto, somos aqueles a quem Cristo convida a assumir a nobre obra de desfazer nossos bloqueios, que impedem Deus de (re)entrar em nossas vidas como Ele deseja. Que eu aceite esse desafio hoje e peça, bata e busque a Única Coisa Necessária, a Única Coisa que muda tudo. “Abre-me as portas do arrependimento (de uma mudança de mente, de uma mudança de foco), ó Doador de Vida”, oremos neste período pré-Quaresmal, ao nos aproximarmos do tempo quaresmal de mudanças positivas.

Versão brasileira: João Antunes

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