“... e por nós, homens, e para nossa salvação, desceu do céu, e encarnou (σαρκωθέντα, incarnatus est) pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem (καὶ ἐνανθρωπήσαντα, et homo factus est);” (Credo Niceno-Constantinopolitano)
Nesta época, estamos celebrando vários eventos históricos que chamam nossa atenção para o Grande Fato da encarnação (que o Filho de Deus homo factus est ou se fez homem), incluindo o Nascimento do Senhor em Belém e o Batismo no Jordão. O outro Grande Fato que estamos celebrando é que esses eventos foram possíveis também graças ao ministério sacerdotal de seres meramente humanos, principalmente da Theotokos e de João Batista.
Por meio de sua concordância ou “Faça-se” (depois de inicialmente ficar perturbada e perguntar: Como será isso…?, etc.), a Theotokos é envolvida pela graça de Deus, ou incumbida, de receber e trazer a este mundo o Filho de Deus. Ela mesma se tornou a casa ou templo de Deus, bem como a principal “zeladora” de Seu templo, e aquela que traz do Lugar Santíssimo as maiores dádivas de Deus — o Corpo e o Sangue de Cristo — em seu ministério sacerdotal. João Batista também concorda com seu ministério sacerdotal para Cristo (depois de inicialmente opor-se e perguntar: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti, e Tu vens a mim?”), mas as palavras de Cristo abençoam João para que aceite o que precisava ser feito por suas mãos meramente humanas: imergir ou batizar o Filho de Deus no Jordão, trazendo para todos nós a Epifania ou manifestação do Deus Triúno.
Aquilo que é feito, realizado ou executado humanamente, chamado em latim de “factum”, é frequentemente considerado na modernidade como algo secular ou religiosamente neutro. Mas os grandes “fatos” da história bíblica, desde que os seres humanos foram criados e ordenados à imagem e semelhança de Deus para serem os “zeladores” do jardim, elevam e conectam tanto o ser humano quanto o fazer humano ao Autor de nossa criatividade autor-izada, em nossas vocações. Na Era da Igreja, somos “autorizados” no Santo Batismo a assumir essa nova criatividade, recebendo uma vida nova, um novo nome, e novas responsabilidades e privilégios, como os zeladores sacerdotais da “casa” de Deus. Que isso seja bem entendido hoje, embora seja muito para assimilar, neste belo período.
Versão brasileira: João Antunes
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