O PODER DA SOLIDÃO

Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra. Cerca das três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: ‘Eli, Eli, lemá sabactháni?’, isto é: ‘Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?’. Alguns dos que ali se encontravam, ao ouvi-lo, disseram: ‘Está a chamar por Elias’. Um deles correu imediatamente, pegou numa esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a numa cana, dava-lhe de beber. Mas os outros disseram: ‘Deixa; vejamos se Elias vem salvá-lo’. E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.” (Mateus 27,45-50)

Por muitos anos, pensei na solidão como um estado mental prejudicial, que a pessoa precisa evitar ou solucionar de alguma forma. Mas a solidão de Cristo na Cruz, que precedeu Seu triunfo derradeiro sobre a morte, mostra-nos como a solidão precede novas manifestações de vida e graça, quando nos permitimos ser conduzidos, envolvidos e postos à prova por meio dela, em nossas jornadas carregando a cruz.

A solidão se torna para nós um crisol para a transformação, para uma nova liberdade e uma nova compreensão de nós mesmos e do próximo, quando nos deixamos ficar sozinhos diante do silêncio de Deus. Enquanto nossos amigos e outras pessoas com quem contávamos anteriormente não se mostram fiéis ou não nos ajudam, como muitos dos que estavam ao redor da cruz, o silêncio de Deus nos leva a focar ou “ouvir” Sua presença em nossas vidas de uma nova maneira. Não precisamos nos desesperar, porque a solidão é o chamado de Deus para nós, para fazermos uma pausa e nos reorientarmos, porque Ele está renovando nosso senso de Seu propósito para nós. Se nos mantivermos firmes, e quero dizer, literalmente “firmes” em nossa cruz, nosso amoroso Deus invariavelmente nos guiará para uma nova vida, luz e crescimento, por meio de nossa solidão. De qualquer forma, isso é o que eu acho que é verdade, hoje em dia, quando Deus me conduz à solidão, a minha velha amiga. “Olá, escuridão, minha velha amiga”, eu digo, e ouço o som do silêncio.

Feliz festa da Exaltação da Cruz, amigos que seguem o Calendário Juliano Revisado! E Feliz Ano Novo Eclesiástico para aqueles de nós que seguem o Calendário Juliano Tradicional!

Versão brasileira: João Antunes

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