«SE VOS IRARDES, NÃO PEQUEIS»

Por isso, despi-vos da mentira e diga cada um a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Se vos irardes, não pequeis; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento, nem deis espaço algum ao diabo.” (Efésios 4,25ss)

O Apóstolo diz: “Se vos irardes, não pequeis” (citando a versão Salmo 4,5 de acordo com a Septuaginta). E, em seguida, ele nos diz para conter essa raiva e “que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento”. Portanto, a raiva, que não é a mesma coisa que hostilidade, é algo com que podemos nos envolver de forma producente, ainda que brevemente. Por que e como?

A raiva não é um pecado em si, e sim um tipo de faísca dada por Deus, concedida também ao Senhor (por exemplo, em Marcos 3,5). Mas não se deve abusar dela para acender uma hostilidade (auto-)destrutiva, por exemplo, na forma direta de um ato de violência ou vingança, ou nas formas indiretas de sarcasmo, fofoca ou resistência passiva. Em vez disso, deve ser um sinal para nós mesmos e para os outros, que, quando transmitido e interpretado apropriadamente, pode ser o ímpeto para o discernimento producente e para a busca da causa do problema. E por “producente” quero dizer, o tipo de conversa que é verdadeira e direcionada à causa real de nossa raiva, “despindo-nos da mentira”, como o Apóstolo diz acima, o que pode resultar na eliminação da verdadeira causa de nossa raiva.

Se eu perceber que estou ficando com raiva hoje, que eu primeiro reconheça e aceite essa raiva. Em seguida, examine, com honestidade e humildade, “despido da mentira”, os motivos por trás de minha raiva. Será que a minha explosão de raiva estava, talvez, mascarando algum tipo de medo, como o medo de ter perdido o controle ou de ser impotente diante de uma situação, dando-me uma sensação de poder e controle? Se esse for o meu caso, que eu deixe Deus fazer parte desse quadro, e que eu volte a ter fé n’Ele, como Aquele que está no controle de tudo. Senhor, Tu sabes o que estás fazendo com todos nós, em Tua misericórdia e graça. Que eu faça a próxima coisa certa hoje, para lidar com quaisquer “sinais” de raiva de forma producente, em Sua verdade, para que eu não os alimente e os transforme em fogueiras de ressentimento silenciosamente destrutivas, ou “dê espaço ao diabo”, em meu coração. Que eu faça o que preciso fazer, diga o que preciso dizer e siga em frente. “Se vos irardes, não pequeis; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento, nem deis espaço algum ao diabo.

Versão brasileira: João Antunes

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