O PROFETA ELIAS E O FOGO DO CÉU

Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: ‘Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?’. Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação.” (Lucas 9,51-56)

Hoje, quando no Calendário Juliano Tradicional celebramos o Profeta Elias, fico pensando nos momentos chocantes (a meu ver) do ministério desse glorioso Profeta, como aquilo mencionado por Tiago e João na passagem citada acima, quando Elias orou para que 50 soldados do Rei Acazias e seu comandante, que foram enviados para prender Elias, fossem consumidos por fogo do céu. “Desceu, pois, fogo do céu e devorou o chefe e os seus cinquenta homens” (2º Reis 1,10). Quando outros 50 soldados foram enviados ao Profeta, eles também foram, por suas orações, queimados vivos pelo fogo celeste. Em seguida, um terceiro grupo de 50 soldados foi enviado para prender Elias, mas seu comandante suplicou ao Profeta que poupasse suas vidas, e um anjo do Senhor também interveio, de modo que eles sobreviveram.

Agora, se pensarmos em como Nosso Senhor Jesus Cristo, na passagem citada acima, se recusou a fazer “como Elias fez” no caso dos hostis samaritanos, notaremos uma mudança na forma como Deus está manifestando Seu “fogo” a nós, na nova era que surgiu com a vinda de Seu Filho. Embora o próprio Deus não quisesse consumir Sua criação com Seu “fogo”, conforme revelado a Moisés já na Sarça Ardente que não se consumia (Êxodo 3), ainda no tempo de Elias a humanidade não estava pronta para receber o fogo celeste de maneira semelhante à de Cristo. Mas na nova era de Nosso Senhor, em vez de “50 homens” serem queimados pelo fogo celeste, os Apóstolos recebem as “línguas de fogo” no “50º dia”, no Pentecostes, que os capacita a falar a Boa Nova às multidões de pessoas diversas de maneira salvífica. Nosso Senhor também revelou Sua luz a Moisés e Elias de uma nova maneira no monte da Transfiguração (conforme descrito anteriormente no mesmo capítulo 9 de Lucas), embora Tiago e João não tenham entendido muito bem o sentido dessa revelação, que eles também testemunharam naquele monte, como podemos ver em sua posterior sugestão “nada útil” sobre a povoação samaritana.

Não posso fazer justiça a esse tópico profundo em uma breve reflexão, mas gostaria apenas de registrar com gratidão o progresso que Deus fez conosco, ao longo da História da Salvação. Graças Te dou, Senhor, por nos ensinar, e não nos consumir, com o Teu fogo. Que ele arda intensamente em nossos corações hoje, pelas orações de Teus gloriosos profetas e apóstolos. Amén!

Versão brasileira: João Antunes

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