«GEMENDO» COM ESPERANÇA

Bem sabemos como toda a criação geme e sofre as dores de parto até ao presente. Não só ela. Também nós, que possuímos as primícias do Espírito, nós próprios gememos no nosso íntimo, aguardando a adoção filial, a libertação do nosso corpo. De fato, foi na esperança que fomos salvos. Ora uma esperança naquilo que se vê não é esperança. Quem é que vai esperar aquilo que já está a ver? Mas, se é o que não vemos que esperamos, então é com paciência que o temos de aguardar.” (Romanos 8,22-25)

A esperança, assim como a fé, concentra-se nas coisas que não se veem, como todos nós sabemos. Mas São Paulo também nos recorda que a esperança é algo difícil, que requer “paciência”; algo que envolve “gemer e sofre as dores de parto”, enquanto “aguardamos a adoção filial, a libertação do nosso corpo (τοῦ σώματος ἡμῶν)”.

Nesta manhã, sou grato a São Paulo por nos oferecer essa imagem fortalecedora de nossa esperança comum, da qual nós, como cristãos, somos chamados a participar. É preciso empenho para perseverar na esperança. Precisamos cultivar nossa esperança comum, para a transfiguração de “nosso corpo” em nosso novo nascimento do alto, que já está em andamento, enquanto “gememos” em nossa vida cheia do Espírito em Cristo, como Igreja. E o Espírito até mesmo “geme” conosco, como São Paulo diz a seguir: “É assim que também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Romanos 8,26).

Participemos hoje da esperança comum de “toda a criação”, porque cada um de nós é dignificado com o chamado para realizar esse importante trabalho em nosso mundo, para ativamente inundá-lo de esperança. Hoje em dia, há muitas vozes que nos apresentam uma imagem sem esperança de nós mesmos e do nosso mundo, que, em suas mentes, está indo para o inferno a passos largos. Mas não percamos tempo lamentando a nós mesmos e ao nosso mundo. Em vez disso, comecemos a “gemer” e obrar com as dores de parto da esperança.

Versão brasileira: João Antunes

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