“Apesar de ter muitas coisas a escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta, mas espero ir ter convosco e falar de viva voz (στόμα πρὸς στόμα), para que a nossa alegria seja completa.” (2ª Pedro 1,12)
No primeiro século, o Santo Apóstolo João não está totalmente satisfeito com o fato de se comunicar com seu rebanho apenas “com papel e tinta”. A “alegria” que ele sente ao se comunicar com seu povo só será “completa” quando ele vier e falar com eles “de viva voz” (ou “boca a boca”, como diz o original grego). Por quê? Porque encontrar outros seres humanos em sua totalidade, o que inclui sua fisicalidade, criados à imagem e semelhança de Deus, é sempre uma revelação do próprio Deus. Um ser humano é um “ícone vivo” de Deus, particularmente à luz da Encarnação; no partilhar de nossa humanidade com o Filho Unigênito de Deus. Portanto, quando nos encontramos cara a cara com outras pessoas, especialmente (mas não somente) com aquelas que têm comunhão com Cristo, nossa “alegria” de não estarmos sozinhos, mas de partilharmos o quadro mais amplo de uma humanidade criada e divinizada por Deus, torna-se “completa”.
Em nossa época, quando posso me comunicar por mensagem de texto até mesmo com alguém sentado em uma sala ao lado, sou grato por esse lembrete de que encontrar e falar com outros seres humanos cara a cara, “de viva voz”, é uma “alegria” que devo buscar e da qual não devo me privar. Também devo salientar, no contexto dessa passagem das Escrituras, que devo buscar a oportunidade de encontrar meus hierarcas eclesiásticos cara a cara, em vez de apenas ler sobre o que eles estão dizendo ou fazendo, on-line. Porque o quadro mais amplo da humanidade criada por Deus de qualquer pessoa ou hierarca não é revelado a mim apenas em suas declarações e ações. “Amemo-nos uns aos outros” e encontremos uns aos outros, face a face, “para que possamos, em unidade de espírito, confessar o Pai e o Filho e o Espírito Santo”. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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