A RESSURREIÇÃO EM NOSSA VIDA

Regozija-te, ó Sião:
Mãe das igrejas, morada de Deus,
pois foste a primeira a receber a remissão dos pecados
pela ressurreição.” (Hino das Vésperas de Domingo, Tom 8)

O hino citado acima, cantado em nossas Igrejas na véspera de cada oitavo domingo (sempre que for o tom 8, o que não explicarei aqui), celebra o fato de que “Sião”, significando, nesse caso, a Igreja de Jerusalém (a “mãe” das Igrejas), foi a primeira a receber a remissão dos pecados “pela ressurreição”. Por que a ressurreição, o despertar dos mortos de Nosso Senhor Jesus Cristo, nos traz a “remissão” (a libertação) de nossos pecados? Quero dizer, o que uma coisa tem a ver com a outra?

Eis como vemos isso acontecer na igreja de Jerusalém há dois milênios, conforme descrito no Evangelho das Matinas de hoje (Lucas 24): No final do dia do domingo da ressurreição de Cristo, os apóstolos e os que estavam com eles estavam reunidos, ouvindo com incredulidade os dois discípulos que já haviam encontrado o Senhor ressurreto a caminho de Emaús. “Enquanto isto diziam, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: ‘A paz esteja convosco!’. Dominados pelo espanto e cheios de temor, julgavam ver um espírito” (Lucas 24,36s). Observemos que quase todos esses discípulos haviam se dispersado e se escondido, abandonando Cristo “por medo dos judeus”, quando Ele foi crucificado e morreu na cruz. Eles nem mesmo vieram para ajudar em Seu sepultamento. E agora, vendo-O vivo e bem, estão apavorados. Mas Ele voltou não para puni-los. Ele voltou para lhes trazer paz e “remissão” ou libertação do medo, que foi o principal “pecado” que alimentou todos os eventos que levaram à Sua crucificação. Então, a próxima coisa que Ele diz a eles é: “Por que estais perturbados e por que surgem tais dúvidas nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho”. E então Ele lhes pede comida, come na frente deles, etc., e logo eles não estão mais aterrorizados e temerosos, mas muito felizes e confiantes. Em resumo, foi assim que a igreja de Jerusalém foi a primeira a receber a remissão dos pecados “pela ressurreição”.

Como nós, em pleno século XXI, recebemos a remissão de nossos pecados “pela ressurreição”? Nós nos abrimos e reabrimos, domingo após domingo, à comunhão com o Deus vivo; com Aquele que nos ajuda a superar a rotina dos medos egocêntricos e a ter uma nova fé e alegria, saindo da escuridão para uma nova luz e saindo da morte para uma nova vida. Ele é a fonte da verdadeira vida e da verdadeira luz, portanto, entremos em comunhão com Ele hoje, da maneira que pudermos, meus amigos, para que não murchemos e sequemos, como ramos cortados da videira. “Não morrerei, antes viverei, para narrar as obras do SENHOR” (Salmo 117/118,17).

Versão brasileira: João Antunes

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