“Felizes sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos expulsarem, vos insultarem e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, pois a vossa recompensa será grande no Céu. Era precisamente assim que os pais deles tratavam os profetas.” (Lucas 6,22s)
Sou muito grata esta manhã por ler as palavras de Nosso Senhor, citadas acima na leitura do Evangelho de hoje, porque ultimamente, em minha Igreja Ortodoxa Russa, a mensagem oposta está sendo pregada. Nosso Senhor Jesus Cristo promete que seremos “felizes” e grandemente recompensados, e que deveríamos até mesmo nos alegrar e pular de alegria quando formos expulsos, insultados e nossos nomes forem “rejeitados como infames” por causa de Cristo. Mas em minha Igreja, tanto na Rússia quanto no exterior, padres e leigos estão sendo intimidados a ficar em silêncio sobre a questão do grande crime de guerra da invasão russa na Ucrânia, por medo de serem expulsos de seu ministério, de perderem seu “nome” e seu lugar na Igreja.
Na semana passada, um jovem padre do vilarejo de Gorodishche, na região de Tverskaya, foi publicamente humilhado por seu superior, o Bispo Adrian Ulianov (foto), porque o padre orou pela “paz” ao invés da “vitória” quando rezou a oração de guerra do Patriarca Cirilo durante a liturgia, e porque havia assinado uma petição contra a guerra. O Bispo Adrian diz no vídeo dessa humilhação pública, logo antes de exigir que o padre “se arrependa” perante seus paroquianos: “Você sabe o que acontece (com um padre) por tais ações?… Quem você é? Padre Ilya? Agora você será apenas Ilyushka…”. Ou seja, o bispo está dizendo que ele perderá seu título sacerdotal; não será mais “padre” e será “apenas” um zé-ninguém. É isso que se deve temer, de acordo com o Bispo Adrian: a perda do nome de sua Igreja, mesmo quando Nosso Senhor Jesus Cristo diz: “Felizes sereis, quando os homens… rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem…”. Em outro incidente desse tipo na semana passada, o brilhante teólogo Pe. Cyril Hovorun foi suspenso do ministério sacerdotal pelo Patriarca Cirilo, por se manifestar contra a aprovação da guerra, por meio de manipulações das Escrituras e da tradição Ortodoxa, pelo Patriarca.
Mas tenhamos coragem, meus amigos, acolhendo a fé e não o medo, e reafirmando nossa dedicação a Cristo e à Sua palavra, à qual nós, como Igreja, devemos nossa obediência. “Importa mais obedecer a Deus do que aos homens”, como dizem os apóstolos em Atos 5,29. Graças Te dou, Deus, por nos abençoares neste momento, com Tua palavra, Tua Igreja e Tuas testemunhas, contra as quais as portas do inferno não prevalecerão.
Versão brasileira: João Antunes
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