“Também a vós, que estáveis mortos pelas vossas faltas e pecados, aqueles em que vivestes outrora, de acordo com o curso deste mundo, de acordo com o príncipe que domina os ares, o espírito que agora atua nos rebeldes… Como eles, todos nós nos comportamos outrora: entregues aos nossos desejos mundanos, fazíamos a vontade dele, seguíamos os seus impulsos…” (Efésios 2,1-3a)
A leitura da epístola de hoje nos recorda o que significa, em termos espirituais, estar morto e o que significa estar vivo, sempre que nos permitimos escolher a vida em vez da morte, a fé em vez do medo e a boa vontade de Deus em vez das muitas outras “vontades” que podem estar flutuando no ar em determinado dia, tentando nos arrastar para baixo.
É bobagem o que São Paulo diz sobre “o príncipe que domina os ares”? Devemos acreditar que há vilões invisíveis no “ar” que respiramos? Não, não é bobagem e, sim, se estivermos atentos, podemos perceber que todo tipo de negatividade às vezes entra em nossa mente como se viesse “do nada” ou “brotasse do ar”, como dizem. Da mesma forma, bons pensamentos e inspiração podem, às vezes, entrar em nossa mente como se também viessem do nada. A maneira de São Paulo descrever isso, com base nas tradições rabínicas, é localizar os espíritos invisíveis no “ar”, que inclui o firmamento ou o céu acima de nós, conhecido como “o segundo céu” que Deus criou no segundo dia da criação. Muitos comentaristas bíblicos judeus e cristãos antigos acreditavam que Deus criou os anjos no segundo dia da criação (embora a criação deles não seja explicitamente mencionada no início da Bíblia) e que a morada deles está nesse “segundo céu”, entre o “primeiro céu” e a Terra. Fato curioso: é por isso que celebramos os anjos todas as segundas-feiras, chamadas de O Segundo Dia tanto em hebraico quanto em grego (Yom sheni, Devtera) [e em português].
Seja como for, recordemos nesta manhã que nós somos dignificados com a possibilidade de escolher: entrar ou não em comunhão com nosso Deus vivificante e amoroso. Ele pode e de fato nos torna “vivos”, sempre que estivermos “ocupados nascendo” e não “ocupados morrendo”, como canta Bob Dylan. Pai Nosso! — digamos juntos, nesta segunda-feira, — “Venha o Teu reino e seja feita a Tua vontade!” com todos nós hoje. Pois Teu é o Reino, o poder e a glória, aos quais escolhemos pertencer, agora, nesta segunda-feira, e para sempre. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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