COMEMORANDO UM DOMINGO

É domingo outra vez, o que significa que é tanto o “primeiro” quanto o “oitavo” dia da semana, de acordo com a tradição cristã. É também o “Dia do Senhor”, especificamente porque a “Ceia do Senhor” sempre foi celebrada nesse dia, desde quando o próprio Senhor ressuscitado escolheu partir o pão com Seus discípulos nesse dia, primeiro em Emaús, depois no cenáculo nesse mesmo dia e, uma semana depois, quando Tomé estava com eles.

Como o “primeiro” dia da semana, o domingo nos recorda o Dia 1 da criação, quando Deus criou os céus e a terra; quando o Espírito de Deus “movia-se sobre a superfície das águas”; e quando Deus disse: “Faça-se a luz”, e houve luz! Nesse mesmo dia [de domingo], o Filho unigênito de Deus escolheu irromper em nova luz e nova vida de um sepulcro escuro, mais uma vez fazendo das trevas brilhar a luz, — mas dessa vez, de dentro do corpo humano ressuscitado, o do Deus-Homem. Agora podemos participar dessa nova luz e dessa nova vida e nos tornarmos vasos dela (e não apenas observadores passivos), em comunhão com Seu Corpo e Sangue. Como diz São Paulo: “Porque o Deus que disse: ‘das trevas brilhe a luz’, foi quem brilhou nos nossos corações, para irradiar o conhecimento da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo” (2ª Coríntios 4,6). Todos os domingos, como o primeiro dia de nossa semana, podemos fazer um novo começo para acolher novamente essa nova luz e vida, participando da Liturgia, na qual o Espírito de Deus, de uma nova maneira, “movia-se sobre a superfície das águas” de nossa vida, transfigurando a nós e nossas ofertas de pão e vinho em Seu Corpo e Seu Sangue.

Como o “oitavo” dia da semana, como os cristãos antigos chamavam o domingo, ele nos aponta para o “dia” eterno além do nosso tempo, que nunca terá fim. Ele também aponta para a “nova aliança” em comunhão com Cristo, que, por meio de Sua presença em nosso meio, atualizou a “antiga aliança” feita com Abraão, que envolvia a circuncisão de bebês do sexo masculino no oitavo dia após o nascimento. Não fazemos mais isso, porque agora todos nós, homens e mulheres, somos adotados na comunhão com Ele, não por meio do nascimento biológico ou por pertencermos a uma linhagem específica do “povo escolhido”, mas por nossa livre escolha de nascer “do alto”.

Portanto, façamos isso mais uma vez, neste domingo. Deixemos que “faça-se a luz” em nosso dia de hoje; deixemos o Espírito de Deus pairar sobre as águas turbulentas de nossa vida e sejamos transfigurados em filhos e filhas de Deus, em comunhão com Ele e com toda a comunhão dos santos. Porque nós podemos fazer isso.

Versão brasileira: João Antunes

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