“Enquanto Jesus falava, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão, disse: ‘Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!’. Ele, porém, retorquiu: ‘Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática’.” (Lucas 11,27s)
Esta mulher no meio da multidão é, atrevo-me a dizer, bastante “gráfica” no seu louvor à Mãe de Deus. Poder-se-ia pensar que ela poderia ter dito simplesmente: “A Tua Mãe deve estar tão orgulhosa de Ti”, com o mesmo efeito. Mas, em vez disso, ela menciona “as entranhas que O trouxeram” e “os seios que O amamentaram”, chamando-me a atenção para o lado físico da maternidade da Theotokos.
Enquanto Cristo na Sua resposta leva a nossa atenção para a “bem-aventurança” a que todos somos chamados, juntamente com a Bem-aventurada Theotokos, de ouvir e obedecer à Sua palavra, hoje fico impressionada pela recordação do fato físico e histórico da maternidade da Bendita Entre as Mulheres. É uma verdade importante, que, mais do que qualquer outra coisa na História da Salvação, sublinha a “realidade” da Encarnação. Com efeito, Ele nasceu e foi cuidado, e a sua roupa lavada, não de forma mitológica, não de forma “simbólica”, mas por um ser humano concreto, — uma jovem mulher judia de Nazaré sem máquina de lavar roupa.
Que hoje eu recorde com gratidão esta natureza revigorante e histórica da nossa fé, que não se baseia em algum mito didático, nem em alguma filosofia abstrata ou coleção de ensinamentos éticos. Nossa fé baseia-se principalmente em relações pessoais com pessoas concretas e vivas; em comunhão com a Pessoa divino-humana de Jesus Cristo, Seu Pai, Seu Espírito Santo e vivificante, e na “comunhão dos santos”. É na experiência vivida das minhas relações com estas Pessoas e pessoas que faço a minha jornada para a salvação, como me é recordado nesta petição da Divina Liturgia: “Comemorando nossa Santíssima, Puríssima, Bendita e Gloriosa Senhora, Mãe de Deus e Sempre Virgem Maria, e todos os Santos, recomendemo-nos, nós mesmos, uns aos outros e toda nossa vida a Cristo nosso Deus!”.
Versão brasileira: João Antunes
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