LUTO & FÉ

Passado o sábado, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para ir embalsamá-lo. De manhã, ao nascer do sol, muito cedo, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro. Diziam entre si: ‘Quem nos irá tirar a pedra da entrada do sepulcro?’. Mas olharam e viram que a pedra tinha sido rolada para o lado; e era muito grande. Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram assustadas. Ele disse-lhes: ‘Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui. Vede o lugar onde o tinham depositado. Ide, pois, e dizei aos seus discípulos e a Pedro: Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá o vereis, como vos tinha dito’. Saíram, fugindo do sepulcro, pois estavam a tremer e fora de si. E não disseram nada a ninguém, porque tinham medo.” (Marcos 16,1-8)

Esta terça-feira, que é o Dia de Todas as Almas ou Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos no Cristianismo Ocidental, e também o dia em que o meu mentor Pe. Robert Taft morreu há três anos, às 4h05 da manhã de sexta-feira, 2 de novembro de 2018, estou pensando na jornada do amor à fé das Mulheres Portadoras de Aromas naquela manhã ensolarada. Foi o amor sofrido, e não a fé, que as levou ao túmulo do seu Mestre, no qual esperavam encontrar o Seu corpo sem vida e ungi-lo, como um ato derradeiro de amor, apesar do que Ele próprio lhes tinha dito sobre a Sua ressurreição. Mas esta intenção, inspirada não pela fé mas pelo amor, coloca-as no lugar certo e no momento exato, para receber e (eventualmente) transmitir a Boa Nova da Ressurreição.

Esta história recorda-me que o amor pode abrir as portas à fé. O luto por um ente querido falecido pode “rolar a pedra” no coração, a qual impede que se veja o poder invisível de Deus, vencedor da morte. Mesmo aqueles que não acreditam no reino invisível da vida após a morte podem acercar-se da fé, através do amor muito visível e vivo pelo falecido agora invisível. Se alguém pode “ver” como vive a sua relação com o falecido, através da realidade invisível que é o amor, mesmo depois da morte, então talvez possa vir a “ver” e aceitar outras realidades invisíveis, tornadas visíveis para nós na fé, como a nossa “relação” ou comunhão com o Deus vivo e amoroso. “Amemo-nos uns aos outros, para que confessemos em unidade de espírito” a Fonte do Amor, que nos liberta dos nossos túmulos de dor, de perda e de medo.

Versão brasileira: João Antunes

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