O TESTEMUNHO DOS SANTOS

Ai de vós, que edificais os túmulos dos profetas, quando os vossos pais é que os mataram! Assim, dais testemunho e aprovação aos atos dos vossos pais, porque eles mataram-nos e vós edificais-lhes sepulcros. Por isso mesmo é que a Sabedoria de Deus disse: ‘Hei-de enviar-lhes profetas e apóstolos, a alguns dos quais darão a morte e a outros perseguirão, a fim de que se peça contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuário’. Sim, Eu vo-lo digo, serão pedidas contas (ἐκζητηθήσεται) a esta geração.” (Lucas 11,47-51)

Quão assustador, nesta série de “padecimentos” sobre os fariseus e doutores da Lei, é que o Senhor iguale a “edificação dos túmulos dos profetas” por eles com a aprovação de seu assassínio dos profetas. Claramente, o Senhor sabia que o significado habitual por detrás da “edificação de um túmulo” para um profeta, — tal como o financiar a construção de uma igreja em honra de santos ou mártires, — tem por finalidade honrar os profetas/santos, e não os seus assassinos ou perseguidores. Mas no caso dos “projetos de construção” dos fariseus e dos doutores da Lei, o nosso Senhor interpreta o seu significado como aprovação dos atos dos inimigos dos profetas. Por quê? Porque os fariseus e doutores da Lei, que continuaram a rejeitar Cristo, estavam cheios do mesmo espírito que os assassinos que os precederam. Daí que os seus atos externos de “honrar” os profetas, como a edificação dos seus túmulos, foram entendidos pelo Senhor para expressar precisamente o oposto do que eles pretendiam aparentemente.

Assim, na leitura da nossa Igreja para este 1º de novembro, quando muitos cristãos celebram a festa de “Todos os Santos”, sou recordado do fato óbvio de que a veneração externa dos santos deve também ser alinhada com o estar “do seu lado” em Espírito. Também sou recordado de não ser desencorajado por qualquer fraqueza percebida do “seu lado”, dos mensageiros ou voz(es) de Deus, no nosso dia de hoje. Vozes mais poderosas podem parecer abafá-las por vezes, ou mesmo rejeitá-las e aniquilá-las, em nossa sociedade, — ou ocasionalmente até mesmo nas nossas comunidades eclesiais. Mas Deus não “esquece” aqueles que Ele nos envia, como Cristo nos diz acima, e tal como nós, em última análise, não os esquecemos, mas celebramos a sua memória. Que eu faça isso, não só externamente, mas também no seu Espírito. Todos os Santos, rogai a Deus por nós!

Versão brasileira: João Antunes

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