RIGORISMO EXTERNO

Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! Devíeis praticar estas coisas, sem deixar aquelas. Guias cegos, que filtrais um mosquito e engolis um camelo!” (Mateus 23,23s)

Os doutores da Lei e os fariseus eram muito rígidos no cumprimento de certas obrigações religiosas externas, negligenciando ao mesmo tempo as virtudes que estas obrigações se destinavam a fomentar: justiça, misericórdia e fidelidade. O Senhor está a criticá-los por adotarem este rigorismo externo, que exibia de forma presunçosa tal fidelidade a regras e regulamentos secundários, ao mesmo tempo que lhes faltava todo o seu objetivo.

Ao ler esta passagem hoje, sou recordado de ter cuidado com um rigorismo puramente externo, que se apega a questões secundárias, enquanto negligencia “o mais importante”, sobre o qual o próprio Senhor insiste: justiça, misericórdia e fidelidade. De fato, acolho com gratidão certas formas e práticas externas da minha Tradição. Mas estas formas e práticas externas não cumprem, por si só, o apelo de Cristo para mim. Ele chama-me a ser cheio do Espírito destas práticas, sem Quem a minha piedade externa não tem sentido. Cristo não veio, morreu na cruz, e ressuscitou, para substituir um conjunto de regras e regulamentos externos por outro conjunto de regras e regulamentos externos. Ele veio para nos encher com o Seu Espírito.

Por isso, que eu hoje procure o Seu Espírito, em oração sincera, e peça para ser preenchido com os Seus dons, de justiça, misericórdia e fidelidade. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito” (Salmo 50/51,12).

Versão brasileira: João Antunes

© 2015, Ir. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com