“No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. Avistou de longe uma figueira coberta de folhas e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-se da árvore, mas só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. E disse à figueira: ‘Jamais alguém coma fruto de ti!’. E os discípulos ouviram essa maldição.” (Marcos 11,12ss)
Nosso Senhor está sendo “irracional” aqui, no que diz respeito à figueira? Quero dizer, nem sequer é “tempo de figos”! E, no entanto, Ele amaldiçoa esta árvore, por não ter figos, fora da estação! Então sim, Ele não está sendo razoável, no que diz respeito à árvore.
Mas a figueira é uma árvore, afinal, e não fica abalada pelo que o Senhor diz. Então Ele está dizendo o que Ele diz, na verdade, em benefício “dos discípulos”, e é por isso que a chave para entender esta passagem é o versículo final, aparentemente supérfluo: “E os discípulos ouviram essa maldição”. Em outras palavras, nosso Senhor está demonstrando algo “aos discípulos”, sobre a incapacidade humana, e não arbórea, de produzir frutos.
Nesta manhã recolho desta passagem, que faz parte da leitura da minha Igreja para o dia de hoje, que devo estar sempre pronto a ser “fecundo” para o meu Senhor, tanto “dentro” quanto “fora” da estação. Ou seja, — mesmo quando estou “para baixo”, ou “sem disposição” (ou fora “da estação”), para trazer “frutos” aos Seus olhos, — como responder gentilmente à palavra gentil do meu colega de trabalho no corredor, mesmo que eu esteja “para baixo”; ou sorrir para a senhora idosa no elevador; ou agradecer ao meu filho pela “obra de arte” que ele pendurou na geladeira; ou fazer o esforço de cozinhar, para o meu namorado/namorada/cônjuge uma refeição, mesmo que eu não seja tão bom cozinhando; — seja o que for, que eu esteja “sem disposição”, ou “ fora da estação”, ainda sou chamado a “produzir” aquele pequeno fruto de uma resposta ao amor (de Deus), que é como um pequeno “figo”. Quero dizer, nunca devo desistir e não fazer nada, mesmo quando me sinto “fora da estação”, porque posso sempre fazer um pouco de… alguma coisa. Caso contrário, meu amado Senhor pode não encontrar “nada” com o que Ele possa se conectar em mim, em Seu perfeito e absoluto amor por mim.
Então que eu responda ao amor com amor, tanto “dentro” quanto “fora” da estação, quer eu esteja “com” ou “sem” disposição para fazer isso. Eu sei, a figueira não poderia ter feito isso, na narração do Evangelho. Mas eu posso, na verdade, fazer isso (ou seja, estar “no” amor com os outros) tanto “dentro” quanto “fora” da estação, porque não sou uma árvore, mas um ser humano. E eu posso, como ser humano, “permanecer” em comunhão com o Deus-Homem, divino-e-humano, Jesus Cristo, Que está acima e além de mim, em todo este negócio de fecundidade e amor. “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”, Ele me diz. “O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15,4s). Graças Te dou, Senhor, por eu poder fazer algo, em comunhão conTigo, em vez de nada, isolado em mim mesmo.
Versão brasileira: João Antunes
© 2020, Sr. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com