“Jesus replicou: ‘Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou. Por que não compreendeis a minha linguagem? É porque não podeis ouvir a minha palavra. Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas eu, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem de vós me acusará de pecado? Se vos falo a verdade, por que me não credes? Quem é de Deus ouve as palavras de Deus, e se vós não as ouvis é porque não sois de Deus’.” (João 8,42-47)
Quando o Senhor nos ensinou a orar, as primeiras palavras que ele nos ensinou a dizer foram: “Pai Nosso”. Porque abraçar a Deus como “nosso” verdadeiro Pai nos abre para ouvir o que Ele tem a dizer; ao que outros de seus filhos têm a dizer; e nos afasta do demônio, o “pai da mentira” abusivo e auto-isolado. O “homicida desde o princípio”, como alguém que se desconectou da Fonte da Vida, Amor e Sabedoria, não nos ama, nem compreende o propósito de Deus para nós, que é crescer para nos tornarmos nós mesmos, como os “eus” que Deus quer que sejamos em comunhão com Ele e com os demais.
Então as versões distorcidas da realidade (também conhecidas como mentiras) do demônio, sobre nós, nosso mundo e nosso Deus, se decidirmos aceitá-las, não apenas nos tiram dos trilhos (fazendo-nos “errar o alvo” de nosso propósito), mas em última instância “matam” a verdadeira vida em nós, prejudicando nosso crescimento. O demônio distorce tanto os nossos momentos “bons” quanto os “ruins”, por exemplo, atribuindo o “bom” a nós mesmos, ou ao acaso, e exagerando o “ruim”, ou fazendo com que nos concentremos nisso “do que lhe (do diabo) é próprio”, que exclui a luz do amor, compaixão e sabedoria de Deus desse quadro. Se escutarmos continuamente “o pai da mentira”, acabamos com auto-repugnância, ou com egocentrismo, os quais levam ao incapacitante auto-isolamento, que é surdo e está morto para Deus.
Pai Nosso, hoje me abro para o que Tu tens a dizer, e não para o que o demônio tem a dizer, tanto sobre o “bom” quanto sobre o “ruim” em minha vida. Tua palavra, “temperada” com o “sal” de Tua sabedoria, compaixão e amor por nós, me permite avançar e crescer, no tipo de “mudança” na qual posso acreditar; a “mudança de mente” que é o “arrependimento” (μετάνοια), em comunhão conTigo. “Perdoa-nos as nossas ofensas. Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
Versão brasileira: João Antunes
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