“Vem, Ó alma miserável, juntamente com teu corpo/carne (σὺν τῇ σαρκί σου), e confessa ao Criador de tudo (τῷ πάντων κτίστῃ ἐξομολογοῦ), de modo que doravante, te abstenhas da loucura passada/falta de sentido (τῆς πρὶν ἀλογίας) e ofereça lágrimas de arrependimento a Deus.” (Grande Cânon de Santo André de Creta, 1.ª Ode)
Nós “vimos” ao “arrependimento” (mudança de mente/de foco) do período quaresmal não só com/em nossa “alma”, mas também com/em nossa “carne”. Portanto, todas as restrições alimentares, os ofícios litúrgicos mais longos e as grandes prostrações ligadas à oração quaresmal, que atraem também nossos corpos em nosso esforço comum para refocar no “Criador de tudo”, — o Criador de “todas as coisas visíveis e invisíveis”. Ao empenhar todo o nosso ser, tanto físico quanto espiritual, na “ordem” quaresmal das coisas, nossa Tradição nos empurra sadiamente à “con-fissão” (“dizer junto com”) e “dizer a mesma coisa que” (homo-logein) toda a Igreja. E essa “mesma coisa” é a Verdade sobre nós mesmos e nosso Criador.
Ao prepararmo-nos para a “con-fissão” esta semana, alinhemo-nos, o melhor que pudermos, tanto com a “ordem” física quanto espiritual da Quaresma, que pode nos tirar de nosso “transtorno” anterior ou “falta de sentido” (ἀλογία), e ajuda-nos a redescobrir o significado e o propósito de Deus para nós. Então que eu abrace as mudanças que a Quaresma me oferece, tanto para as minhas rotinas físicas quanto espirituais, conforme ela abre meus olhos para “outra” realidade, além do meu “negócio como de costume”, e além da minha falta de sentido anterior. “Sim, Senhor e Rei, concede ver meus pecados e não julgar meus irmãos, porque és bendito pelos séculos dos séculos. Amém” (Oração Quaresmal de Santo Efrém).
Versão brasileira: João Antunes
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