O GRANDE PARADOXO

Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la.” (Marcos 8,35)

É preciso que eu perca certas coisas e até mesmo certas pessoas, inclusive o meu “eu”, para receber a “salvação”. Esta é uma verdade difícil de compreender, mas você poderia pensar da seguinte forma: Você recebe, quando você dá. Ou: Se você ama a pessoa, você deve (às vezes) deixá-la ir.

O que é “salvação”? É tudo. É a plenitude, ou o retorno à plenitude, depois de ter sido fragmentado pelos … Continue lendo...

ÍCONES E «ORTODOXIA»

Ontem, celebramos o Domingo da Ortodoxia, que comemora o triunfo da doutrina do 7º Concílio Ecumênico sobre a veneração de ícones, depois de um longo período de luta contra a “iconoclastia” (um ataque ou combate às santas imagens), que voltou a se manifestar depois desse Concílio. Por que a veneração de ícones é inerente à *ortodoxia* cristã? Porque os ícones nos lembram de quem e o que é normal para nossa fé e vida, para que não nos esqueçamos. É fácil esquecer, especialmente em nossos tempos conturbados, quando o anormal parece estar triunfando sobre o normal cristão nas mais altas … Continue lendo...

EXÍLIO

Este domingo, imediatamente anterior ao início da Quaresma, recorda o Exílio do Paraíso, convidando-nos a participar do “Lamento de Adão” sobre um Paraíso Perdido. Como e por que devemos nos identificar com todo o tema do Exílio, que é um leitmotiv da Grande Quaresma? Note que esse também é o tema principal do Salmo 136/137, “Junto aos rios da Babilônia…”, cantado em nossas igrejas nos últimos três domingos, portanto, há algo muito importante sobre o Exílio que devemos reconhecer como parte de nossa história humana (ou humano-divina), ao entrarmos no Lamento voluntário e coletivo do período da … Continue lendo...

O JUÍZO FINAL NÃO É INDIVIDUAL

Aqui estão algumas reflexões, meus queridos amigos, sobre a provocante leitura do Evangelho de hoje sobre o Juízo Final, Mateus 25,31-46. É provocante, porque aqui Nosso Senhor descreve o Juízo Final de uma nova maneira; não da maneira como foi imaginado anteriormente na tradição bíblica, e não da maneira como muitos de nós estamos acostumados a pensar sobre ele.

Em primeiro lugar, ele será coletivo e não individual. O Juiz, chamado aqui de “Filho do Homem” (lembre-se disso), não estará chamando cada um de nós diretamente à atenção, por assim dizer, para nos perguntar ou nos repreender por … Continue lendo...

A ALEGRIA DE NOSSO PAI

Este ano, ao relermos e redescobrirmos a Parábola do Filho Pródigo, fico impressionada com o fato de Nosso Senhor estar tentando converter tanto os “obedientes” quanto os “desobedientes” entre nós, de nossa visão geralmente distorcida de Nosso Pai do céu. A questão é que, como disse minha amiga Nadia Kizenko em seu recente sermão sobre essa parábola, “Deus quer que sejamos felizes”.

O filho mais novo e desobediente sente inquietação na casa de Seu pai; pede ao pai sua parte da herança (como se o pai tivesse morrido), parte para fazer o que bem entende, acaba passando necessidades e sofrimentos, … Continue lendo...

SER-VOS-Á DADO

Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado (καὶ δοθήσεται ὑμῖν); procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!” (Lucas 11,9-13)

O início … Continue lendo...

«VER» CRISTO ATRAVÉS DA THEOTOKOS

Corramos à Theotokos, nós que desejamos contemplar seu Filho sendo apresentado a Simeão…. / К Богоро́дице притеце́м, хотя́щии Сы́на Ея́ ви́дети, к Симео́ну носи́ма…” (Ikos, Festa do Encontro do Senhor)

Hoje, aqueles que seguem o Calendário Juliano Revisado celebram a grande festa do Encontro do Senhor, conhecida nas tradições ocidentais como A Apresentação do Senhor. O hino citado acima nos recorda que é por meio da Theotokos que tanto Simeão quanto todos nós podemos “contemplar” Cristo, ou seja, quando “desejamos” vê-l’O.

O Senhor é “apresentado a Simeão” e ao nosso mundo, encarnado, … Continue lendo...

FELIZES OS MISERICORDIOSOS

Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus 5,7)

Quando dou um tempo para os outros, descubro que também recebo um tempo para mim. Quando, misericordiosamente, deixo de lado certas exigências e/ou expectativas nas quais tenho insistido em relação aos outros; exigências e/ou expectativas que eles não podem ou não conseguem atender no momento, por qualquer motivo, então me liberto da decepção ou do ressentimento e “alcanço misericórdia”.

A misericórdia, que é o jeito de ser de Deus, é como uma lufada de vento que dissipa todos os tipos de impurezas que embaçam minha visão e atrapalham … Continue lendo...

SER TENTADO APÓS O BATISMO

Ao nos aproximarmos da festa do Batismo do Senhor, no Calendário Juliano Tradicional, estou meditando sobre o que aconteceu logo depois que Ele foi batizado: “Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado (πειρασθῆναι) pelo diabo” (Mateus 4,1). A tentação pós-batismal ou ser testado no deserto remete ao fato de o povo escolhido ter sido testado no deserto depois de atravessar o Mar Vermelho.

Também evoca o que acontece conosco depois de sermos batizados. A fé ou a fidelidade a Deus e à Sua palavra, que professamos no batismo, é testada repetidas vezes em … Continue lendo...

NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO

e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do Mal” (Mateus 6,13a)

Essa parte da oração do Pai Nosso geralmente dá origem a perguntas. Mas hoje eu gostaria de meditar sobre a resposta; a resposta para a qual ela aponta. Ela me aponta para a resposta derradeira, a solução definitiva para os desafios da “tentação”: O poder de Deus. O Senhor me diz em Sua oração algo que tenho aprendido por experiência própria: que minha própria “força”, seja ela de vontade, de autoconhecimento, de análise científica ou psicológica ou qualquer outra, não é a resposta … Continue lendo...